Eram 10:30 horas da manhã, quando uma esquadrilha composta de seis aviões das bases aéreas de São Paulo e Curitiba começaram a fazer evoluções sobre a cidade, como parte das comemorações ao 10º aniversário da cidade de Maringá. Incríveis evoluções e acrobacias em voos rasantes á pequena e perigosa altura, o que deixavam os expectadores aflitos mas também animados naquele dia festivo.
Essas acrobacias, naturalmente, constavam do programa oficial das comemorações e que a Cia. Melhoramentos Norte do Paraná, entregaria naquele dia, como entregou mais tarde comovidamente, na palavra de um dos seus diretores, deputado federal Hermann Moraes de Barros, o campo de pouso dessa cidade à administração do Ministério da Aeronáutica, doando os terrenos e benfeitorias ao mesmo - representado aqui pela presença de seis brigadeiros - depois de inverter a Cia. em suas obras, mais de 4 milhões de cruzeiros.
O avião T6-1634 se destacava dos demais, pelo arrojo e, mesmo, imprudência dos seus aviadores, que sobrevoavam à baixa altura os telhados das casas, deixando a população em frenesi. Já uma vez havia esse avião passado à baixa altura pela moderna Praça Raposo Tavares com sua belíssima fonte luminosa. Voltando a sobrevoá-la novamente, agora num longo voo rasante, iniciado à altura do Grande Hotel Maringá e, continuado no curso da Avenida Getúlio Vargas, aconteceu a tragédia.
Na área principal e de entrada dessa praça transformada em monumental jardim, tendo ao centro a estonteante fonte luminosa, erguem-se dois mastros finos, de aço, ambos com 9 metros cada um. Num destes mastros, o avião, em louca velocidade, coincidiu chocar sua asa, que imediatamente se desgarrou , tomando ambos, no espaço sentidos de queda diferentes. O avião desgovernado, sem uma das asas, ricocheteou no ar, caindo ao solo imediatamente, de rodas para cima, 200 metros além, sobre o casinhoto que abrigava o motor hidráulico da caixa d'agua da estação ferroviária. A asa, como uma folha seca, tal qual o corpo do avião caia na esquina da Rua Bandeirantes (atual Joubert de Carvalho) com a Praça Raposo Tavares, completamente cortada pelo mastro de aço.
Acervo particular da família Jorge Abrão/Seravalli - Fotografia datada "10-05-57", (sem crédito) |
Jaime de Oliveira Machado - A Gazeta Esportiva, 1957 (sem crédito) |
Por quase um milagre ninguém, em solo, se feriu, uma vez que a praça estava repleta de populares, devido a uma prova ciclística de dias e noites de resistência que se realizava ali , o "campeão mundial de ciclismo" Jaime de Oliveira Machado tentando quebrar um recorde de 72 horas pedalando sem parar.
Por uma singularidade do destino, os dois mastros erguidos na praça estavam sem as bandeiras, retiradas horas antes para servi-las em outras diversas solenidades naquele dia. Daí a pouca visibilidade dos mastros finos e pintados de verde, cuja cor, na distância, se perdia com o vasto gramado, gerando um "golpe de vista" trágico.
No pátio da ferroviária, ao lado da grande caixa d'água, o avião completamente estraçalhado em ardentes chamas.
Antes houve um grande estrondo, a fumaça e as chamas eram envolventes, devorando o amontoado de destroços metálicos da aeronave com as rodas para cima, completamente retorcido, o motor com a hélice destroçada, tendo no bojo os corpos dos dois aviadores em seu fardamento de paraquedistas totalmente carbonizados.
Fonte: Reportagem e foto de Soares de Faria Júnior (1957)