Pioneiro do teatro maringaense, o advogado Calil Haddad (1926-1981) tinha 30 anos quando escreveu para a revista O Cruzeiro, defendendo o ex-governador Bento Munhoz da Rocha – na época, ministro da Agricultura do governo Juscelino Kubitschek. Foi em 1956, ano em, que fundou o Teatro Maringaense de Comédia, e ele se referia a um reportagem publicada em outra edição da publicação.
“Imaginem só, pô-lo no mesmo rol dos que, no poder, só pensam no seu comodismo, em vida farta e pouco recomendável. Foi o que se entendeu, feita a leitura de tal reportagem. É que Munhoz não soube fazer demagogia, nem lançar pedras fundamentais, com banda de música e champanha. Mas só a estrada oficial que serve o norte do Paraná bastaria para inutilizar o que dele foi dito. E o que é melhor, muito melhor: não há uma só viúva, um só órfão, uns só pai sem filhos, uns mutilado sequer, clamando por vingança. Não houve favoritismo, doação de terras para afilhados, nem cangaço, ou braços cruzados diante de roubos e falcatruas. E atente-se para o fato de ele não ter fortuna, como muitos que campeiam por esse Brasil afora e que em um ano conseguem no poder o que não se consegue com cem anos de trabalho”, escreveu.
Fonte: Revista O Cruzeiro - Julho / 1956 - Foto/Montagem: José Ângelo Rigon
Eva Wilma e Odete Lara fazem pose em florada de café. (Foto: Sérgio Ferraz)
Eva Wilma desfila nas passarelas do festival no Cine Maringá. (Foto: Sérgio Ferraz)
A atriz Eva Wilma, que faleceu neste último sábado (15/05) em São Paulo em função de um câncer de ovário disseminado, aos 87 anos de idade, foi uma das grandes presenças do 1º Festival do Cinema Nacional de Maringá. O evento aconteceu de 3 a 10 de maio de 1958, quando ela tinha 24 anos; havia três anos ela estava casada com o também ator John Herbert, que também veio a Maringá. Voltou a Maringá em 2007 e 2014 em eventos de cinema e teatro.
Atriz e bailarina, Eva Wilma Riefle Bucckup Zarattini protagonizou diversas novelas e programas da TV Tupi, até que na década de 80 transferiu-se para a Rede Globo, tornando-se uma das principais artistas da emissora. Em 1958 ela já havia participado de nove filmes, nove peças de teatro e trabalhos em fotonovelas e televisão. Naquele ano ela recebeu seu terceiro prêmio de melhor atriz, até então o mais cobiçado: Troféu Roquette, por “Alô, Doçura”, série de comédia romântica que ficou quase 10 anos no ar. Em sua carreira, centenas de prêmios e indicações na área artística. Foi em 1958 que ela também foi mãe pela segunda vez, dando à luz John Herbert Riefle Buckup. O casamento com John Herbert durou até 1976 e ela ficou casada 23 anos com Carlos Zara (Antônio Carlos Zarattini) ator, diretor e engenheiro.
Álbum em LP: Expresso Maringá - selo da gravadora Japoti Ltda.(1975)
Jerônimo Divino Tomaz (Criolo) nasceu na cidade de Ituiutaba, no estado de Minas Gerais. Osvaldo Severino da Silva (Seresteiro) nasceu na cidade de Iturama, também no estado de Minas Gerais. Ainda em Ituiutaba,
Criolo fez sua primeira formação musical com sua irmã caçula Iolanda, formando a dupla "Criolo e Landinha", gravando dois discos e alcançando grande sucesso com as músicas "Coração Solitário" e "Não Me Convém", ambas de sua autoria. Com o casamento de Landinha, ela afastou-se da carreira artística. Com a interrupção da carreira com sua irmã, Criolo ainda jovem, partiu para São Paulo, onde morou por vários anos, constituindo a dupla "Criolo e Seresteiro".
Criolo e Seresteiro fizeram parte de três grandes emissoras de São Paulo (Rádio Tupi, Rádio Record e finalmente, Rádio Nacional), dando-lhes muito nome. Gravaram a música "Cabelo Loiro" no primeiro disco. Logo em seguida mais nove discos foram gravados, ficando a dupla conhecida em todo território nacional. Fizeram grande sucesso com as músicas "Mulher Volúvel", "Amor Ausente", "Vai com Deus", "Percorrendo o Brasil", "Depois de um Ano", "Quatro Beijos", "Berrante da Meia Noite", "Ranchinho de Luto", entre muitas outras de grande repercussão. Com o afastamento de Seresteiro por motivos particulares, a dupla foi interrompida e Criolo continuou formando uma nova dupla com Barrerito, que também fez parte da Rádio Record de São Paulo.
Gravaram alguns discos, e depois a dupla também se desfez. Criolo formou dupla com Carlito (Mauril Leal de Paula, nascido em Frutal, no estado de Minas Gerais), com quem gravou dois discos. Criolo ainda formou dupla com Serra Negra e Carrerito. Na década de 80 formou dupla com Juvenil, e sua última formação foi com Aladin.
Seresteiro também teve outras formações de dupla com Baduy e com Tubarão. Criolo faleceu no dia 07 de janeiro de 2013.
EXPRESSO MARINGÁ
Meu amorzinho está de partida Na despedida tive que chorar Ela foi embora para bem distante E talvez possa nunca mais voltar
Fiquei na beira da estrada esperando Só para ver meu amor passar Não pude ver meu bem pela janela Só pude ler, Expresso Maringá
Fiquei sozinho no mundo vazio O meu consolo é somente chorar Quando eu estou na estrada passeando E que escuto ao longe buzinar
A minha alma se sente em pedaços Meu coração chega até parar Malvado passa, não vejo meu bem Só vejo escrito, Expresso Maringá
Estou cansado de tanto sofrer Estou cansado de tanto chorar Estou cansado de viver na espera E meu benzinho não quer mais voltar
Amanhã mesmo estarei de partida Minha querida quero encontrar Adeus, adeus cidade querida Está de partida o Expresso Maringá
Texto de Sandra Cristina Peripato (site Recanto Caipira)
Acervo pessoal de J.C. Ceciio (LP Expresso Maringá, 1975)
Anjos da Lua: Paulo Lenier Jorge (Lagarto), Itamar Bandeira Barbosa (Ratinho), Ivan Bandeira Barbosa, irmão de Ratinho (Coelho), Alcides Vaz (Cágado), Airton José Valentin (Tamanduá)
Anjos da Lua, este formidável conjunto que Maringá já
se acostumou, nasceu do trio Vocalistas do Luar, composto de Itamar, Ivan e
Paulo Jorge, e tinha a participação de Deneval Amaral e Gilberto. Em Curitiba,
passou a integrar o conjunto, o Paciência, exímio baterista, juntamente com
Alcides do contrabaixo. Nascia então o conjunto “Anjos da Lua”, que durante
mais de um ano atuou na Cidade Sorriso (Curitiba), onde como em Maringá,
grangearam grande número de amigos e simpatizantes.
Os simpáticos rapazes aqui aportaram no dia 21 de novembro
de 1957 para uma pequena estada. Uns 3 meses talvez. Mas criaram em pouco tempo
uma tal legião de fãs que lhes vedaram a partida. Resultado, os “Anjinhos” sem dúvida alguma permanecerão mais dois ano
em nossa cidade.
Não resta menor dúvida, que tem havido certo espírito de
prevenção contra eles, mas como se sabe, nem Glenn Miller conseguia agradar
toda uma multidão. Houve mesmo, época em que os Anjos repisaram certos arranjos,
como Fita Amarela, e outros que fazia a plateia retorcer de “saturada”. Mas
para felicidade geral, de uns meses para cá eles estão dando completa faxina no
seu velho repertório, trazendo muita coisa nova, muita coisa boa, por sinal.
Bravos, rapazes.
Mas não parem nunca. Variedade sempre. E vocês morrerão em Maringá...
*
Lindolfo Luiz (com o microfone), o nosso melhor locutor, não deve nada aos grandes do nosso Rádio. Na reportagem, no improviso, na animação de
auditório, na locução comercial, o menino se sai maravilhosamente. Não resta
dúvida, que se está em Maringá por amor à terra.
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Zezinho e Zorinho marcam o evento mais importante de
sua carreira artística, gravando pela “Chantecler” 4 composições de nossos
compositores. Esta dupla era sucesso no Brasil e viviam sempre em Maringá, muito querida dos amigos maringaenses.
Em 1959, gravaram a música "O Desastre de Avião", onde narram o tragédia do avião caça da FAB no centro de Maringá, em 11 de maio de 1957.
Abaixo, a toada:
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Moacyr Saveli é indiscutivelmente um dos excelentes
elementos da Organização Samuel Silveira. Dirigindo o “Clube do Caçula”,
já fazem vários anos, vem dando um feitio inteligente a esse club mirim da Rádio
Cultura de Maringá.
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Mais:
Joe Silva, foi escolhido para dirigir a novíssima Organização Samuel Silveira, Rádio Cultura de Apucarana, cujo funcionamento está na dependência da entrega da aparelhagem por parte da Sociedade Técnica Paulista.
Fonte: Revista A Estampa do Norte do Paraná (1958 e1959)
Fotos sem créditos (Dep. Fotográfico: Jasson Figueiredo/Inácio Takeuti)
Compositor e médico que imortalizou a canção que originou a cidade de Maringá, além de outras centenas de composições.
Joubert Contijo de Carvalho (Uberaba,MG 1900 - Rio de Janeiro,RJ 1977)
O Busto acima foi instalado na Praça Raposo Tavares (com sua presença, em 1972) onde está a Rua Joubert de Carvalho (batizada com sua presença em 1959)
O piano onde foi composta a canção Maringá encontra-se no Teatro Calil Haddad.
MARINGÁ, composição de Joubert de Carvalho, interpretado por Delora Bueno no LP Cânticos Brasileiros.
Fonte: Nova História da Musica Popular Brasileira - Abril Cultural (1977)
Youtube: Maringá - Delora Bueno no LP Cânticos Brasileiros.
Horários de pouso e decolagem a partir dos Aeroportos de Maringá e região (entre 15 de setembro e 14 de outubro de 1955) - Companhias VASP e REAL-Aerovias Brasil.
Fonte: Guia Aeronáutico - revista mensal - setembro/outubro de 1955.
O jipe verde-amarelo em pleno Alasca a caminho do Círculo Polar Ártico - com temperatura até 37 graus negativos
Um jipe com 50% de peças brasileiras atinge o Alasca, percorrido 44 mil quilômetros!
Num jipe verde-amarelo pilotado por três escoteiros brasileiros: Charles Downey, Hugo Vidal e Jan Stekly, empreenderam do Rio de Janeiro ao Canadá, passando por quase todos os países das Américas. Em seguida, rumaram para o Alasca e depois retornaram ao Brasil.
O jipe (modelo Jeep, da Willys-Overland do Brasil S.A.) foi montado em São Paulo com 50% de peças genuinamente brasileiras, para teste de performance e resistência, além da grande aventura dos jovens rumo ao Círculo Polar Ártico.
A expedição foi batizada de "Operation Pineapple".
Maringá Canadense
Charles Downey:
"Em Winnipeg, em companhia de escoteiros que havíamos conhecidos no jamboree dos Novos Horizontes, passamos alguns dias visitando as pitorescas redondezas das cidade onde já se nota claramente o espírito pioneiro típico do Oeste canadense, e continuando viagem atravessamos as províncias de Manitoba, Saskatchewan e Alberta, rumo a Edmonton. Esta uma cidade que tem crescido enormemente nas últimas décadas, no estilo das cidades novas no Brasil. Nós lhe damos o cognome de "Maringá Canadense" ".
Tempestade de neve
"Em Edmonton fizemos os apontamentos finais e saímos rumo a Dawson Creek, ponto inicial da tão comentada "Alaska Highway", estrada de 2.400 quilômetros que atinge as cidades de Fairbanks e Anchorage no Alasca. Tínhamos ouvido todo tipo de "histórias" sobre este trajeto: alguns diziam que seria impossível fazer a viagem nesta época do ano, pois a estrada estaria bloqueada de neve; outros achavam que n´s nunca voltaríamos. A via porém não era nada que tínhamos ouvido. A estrada de terra mas muito bem conservada - tem muitas curvas, o que obriga o motorista a dirigir com a máxima precaução e em alguns lugares está coberta de com uma camada de gelo que a torna extremamente escorregadia. Em diversas ocasiões encontramos carros e caminhões que após terem escorregado no gelo, caíram fora da estrada. Ao chegar perto da fronteira com o território de Yukon fomos colhidos por uma tempestade de neve que durou uma manhã inteira e cobriu a estrada com uma camada de 20 centímetros. A tração nas quatro rodas tornou-se muito útil nestas condições".
Viagem de Regresso
"Exatamente uma semana após termos partido de Dawson Creek, atingimos Fairbanks onde fomos cordialmente recebidos pelos dirigentes do escotismo local e por autoridades da Força Aérea Americana que muito gentilmente nos hospedaram numa das bases, próximas à cidade. A estrada de rodagem que mais se aproxima do Círculo Polar Ártico é a que liga Fairbanks com o povoado de Circle City, 250 quilômetros ao nordeste. Esta via não é conservada no inverno, ficando sepultada sob a neve desde outubro até março. Apesar de serem muito remotas as possibilidades de atingirmos Circle City, partimos para Fairbanks visando aproximarmos o mais possível do Círculo Ártico nestas condições. Os primeiros 45 quilômetros foram fáceis pois a neve tinha apenas 10 a 15 centímetros de profundidade. Lentamente, à medida que a estrada sobe para transpor a primeira serra a neve aumentava, e durante umas três horas viajamos abrindo caminho numa camada de 30 centímetros, usando constantemente a segunda e primeira marcha.
Exatamente ao atingirmos o Km 29, às 16h30 (já noite fechada) no cume da serra, a estrada encontrava-se completamente bloqueada pela neve que atingia mais de 1 metro acumulada pelo vento. Tiramos várias fotografias com flash deste local histórico para nós e demos meia volta. Havíamos atingido um ponto a 112 quilômetros ao sul do Círculo Polar Ártico, registrando a temperatura mínima de -37º C, tendo percorrido 44.367 quilômetros em viagem".
Fonte:
Revista A&A - Automóveis e Acessórios - Janeiro 1956.
Livro: Flashes de uma Aventura (Hugo J. Vidal) - Editora Overlander - 2017