"eu defenderei até a morte o novo por causa do antigo e até a vida o antigo por causa do novo.
O antigo que já foi novo é tão novo como o mais novo."
Augusto de Campos (Verso, reverso, controverso)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Atenção, passageiros...

 

 




Horários de pouso e decolagem a partir dos Aeroportos de Maringá e região (entre 15 de setembro e 14 de outubro de 1955) - Companhias VASP e REAL-Aerovias Brasil.

Fonte: Guia Aeronáutico - revista mensal - setembro/outubro de 1955. 

                   Acervo particular: JC Cecilio

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Maringá Canadense

O jipe verde-amarelo em pleno Alasca a caminho do Círculo Polar Ártico - com temperatura até 37 graus negativos


Um jipe com 50% de peças brasileiras atinge o Alasca, percorrido 44 mil quilômetros!

Num jipe verde-amarelo pilotado por três escoteiros brasileiros: Charles Downey, Hugo Vidal e Jan Stekly, empreenderam do Rio de Janeiro ao Canadá, passando por quase todos os países das Américas. Em seguida, rumaram para o Alasca e depois retornaram ao Brasil. 

O jipe (modelo Jeep, da Willys-Overland do Brasil S.A.) foi montado em São Paulo com 50% de peças genuinamente brasileiras, para teste de performance e resistência, além da grande aventura dos jovens rumo ao Círculo Polar Ártico. 
A expedição foi batizada de "Operation Pineapple". 

Maringá Canadense

Charles Downey:

"Em Winnipeg, em companhia de escoteiros que havíamos conhecidos no jamboree dos Novos Horizontes, passamos alguns dias visitando as pitorescas redondezas das cidade onde já se nota claramente o espírito pioneiro típico do Oeste canadense, e continuando viagem atravessamos as províncias de Manitoba, Saskatchewan e Alberta, rumo a Edmonton. Esta uma cidade que tem crescido enormemente nas últimas décadas, no estilo das cidades novas no Brasil. Nós lhe damos o cognome de "Maringá Canadense" ".

Tempestade de neve

"Em Edmonton fizemos os apontamentos finais e saímos rumo a Dawson Creek, ponto inicial da tão comentada "Alaska Highway", estrada de 2.400 quilômetros que atinge as cidades de Fairbanks e Anchorage no Alasca. Tínhamos ouvido todo tipo de "histórias" sobre este trajeto: alguns diziam que seria impossível fazer a viagem nesta época do ano, pois a estrada estaria bloqueada de neve; outros achavam que n´s nunca voltaríamos. A via porém não era nada que tínhamos ouvido. A estrada de terra mas muito bem conservada - tem muitas curvas, o que obriga o motorista a dirigir com a máxima precaução e em alguns lugares está coberta de com uma camada de gelo que a torna extremamente escorregadia. Em diversas ocasiões encontramos carros e caminhões que após terem escorregado no gelo, caíram fora da estrada. Ao chegar perto da fronteira com o território de Yukon fomos colhidos  por uma tempestade de neve que durou uma manhã inteira e cobriu a estrada com uma camada de 20 centímetros.  A tração nas quatro rodas tornou-se muito útil nestas condições".

Viagem de Regresso

"Exatamente uma semana após termos partido de Dawson Creek, atingimos Fairbanks onde fomos cordialmente  recebidos pelos dirigentes do escotismo local e por autoridades da Força Aérea Americana que muito gentilmente nos hospedaram numa das bases, próximas à cidade. A estrada de rodagem que mais se aproxima do Círculo Polar Ártico é a que liga Fairbanks com o povoado de Circle City, 250 quilômetros ao nordeste. Esta via não é conservada no inverno, ficando sepultada sob a neve desde outubro até março. Apesar de serem muito remotas as possibilidades de atingirmos Circle City, partimos para Fairbanks visando aproximarmos o mais possível do Círculo Ártico nestas condições. Os primeiros 45 quilômetros foram fáceis pois a neve tinha apenas 10 a 15 centímetros de profundidade. Lentamente, à medida que a estrada sobe para transpor a primeira serra a neve aumentava, e durante umas três horas viajamos abrindo caminho numa camada de 30 centímetros, usando constantemente a segunda e primeira marcha.
Exatamente ao atingirmos o Km 29, às 16h30 (já noite fechada) no cume da serra, a estrada  encontrava-se completamente bloqueada pela neve que atingia mais de 1 metro acumulada pelo vento. Tiramos várias fotografias com flash deste local histórico para nós e demos meia volta. Havíamos atingido um ponto a 112 quilômetros ao sul do Círculo Polar Ártico, registrando a temperatura mínima de -37º C, tendo percorrido 44.367 quilômetros em viagem".





Fonte: 

Revista A&A - Automóveis e Acessórios - Janeiro 1956.

Livro:  Flashes de uma Aventura (Hugo J. Vidal)  - Editora Overlander - 2017