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"eu defenderei até a morte o novo por causa do antigo e até a vida o antigo por causa do novo.
O antigo que já foi novo é tão novo como o mais novo."
Augusto de Campos (Verso, reverso, controverso)
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Índios, Jesuítas e Bandeirantes no Paraná
Detalhes (da região do estado do Paraná) de um mapa do Brasil de meu acervo, impresso em 1922 onde mostra as rotas dos bandeiras paulistas. Inclui cada rota de cada bandeirante e data de passagem/ocupação nos séculos XVI, XVII e XVIII. Organizado por Affonso D'Escragnolle Taunay (filho do Visconde de Taunay, que atuou como ensaísta, biógrafo, romancista, tradutor e lexicógrafo).
Clique no mapa e veja como foi a região do Norte do Paraná desde o século XVI. Vejam as várias Reduções Jesuítas, os povoados de Villa Rica, que hoje é a cidade de Fênix e a Ciudad Real que hoje é a cidade de Guaíra.
A partir de 1616, os bandeirantes paulistas, cujo papel correspondia ao de oficiais de tropa, promoveram várias entradas na direção da lagoa dos Patos e do Rio Grande e investiram sobre o território do Paraguai, onde não só arruinaram as missões guaranis organizadas pelos jesuítas, como também as cidades coloniais espanholas de Guaíra, Jerez e Villa Rica, em expedições empreendidas por verdadeiros exércitos, que muitas vezes mobilizaram mais de dois mil homens. Essas expedições recrudesceram com o correr dos anos, em franco desafio à autoridade do rei de Espanha, senhor também da coroa de Portugal. Por volta de 1638, os bandeirantes já haviam massacrado todas as povoações que existiam ao longo de 350 léguas do Planalto de Piratininga e, contornando o rio da Prata, arremeteram contra as missões do Uruguai e do Tape. A s invasões sucederiam-se de maneira assustadora. (Teresa Neumann de Sousa Christensen, 2001).
Mais:
As primeiras Reduções Jesuíticas do primeiro ciclo instalaram-se às marges do rio Parapanema. Em meados de 25 anos, foram fundadas mais de 30 Reduções. Na região do Guairá (hoje região do Paraná), surgiram:Loreto (1610), São Xavier (1622), São José (1625), Encarnação (1625), São Paulo (1628), São Tomé (1628) e Jesus Maria (1628).
Devido a devastação dos bandeirantes, os índios fugiram para o sul onde os padres Jesuítas iniciaram a fundação de outras reduções na região de Itatim (hoje Mato Grosso do Sul), são elas: Anjos (1631), São José (1631), São Benito (1632), Santos Apóstolos Pedro e Paulo (1633) e Encarnação (1633).
Persistindo os ataques dos bandeirantes, os jesuítas migraram para a região de Missiomes e Corrientes (hoje território da Argentina). Ali à margem direita do rio Uruguai, fundaram: Santo Inácio Guaçu (1610), Itapuã (1615), Conceição (1619), Japeju (1627) e São Xavier (1621).
No Rio Grande do Sul (região do Tape), surgiram 18 reduções que não se estruturaram devido a não aceitação da nova cultura imposta e pela invasão dos bandeirantes paulistas.
A primeira redução do segundo ciclo missioneiro foi São Francisco de São Borja, por isso afirmar-se que São Borja é a cidade mais antiga do Rio Grande do Sul (1682), em seguida São Nicolau (1687), São Luiz Gonzaga (1687), São Miguel Arcanjo (1687), São João Batista (1697), Santo Ângelo Custódio (1706); estes são chamados os Sete Povos das Missões, que hoje integram o território do Rio Grande do Sul.
Essas Reduções permanecem por mais ou menos um século e meio, entre fundação e reassentamento, tornando-se independentes e auto-suficientes. Sua decadência se deu, entre outros fatores pelo Tratado de Madri
Em pé permanece, além dos resquícios de pedra, a lição de cooperativismo e adaptação deixada pelos índios Guarani que, apesar de terem sido massacrados pela Guerra Guaranítica, nos deixam uma lição de vida e luta, provando a sua condição de dono da terra.
Vencidos, espoliados e despojados de suas terras. Os guaranis foram reduzidos a pequenos grupos errantes que atualmente sobrevivem da confecção e venda de artesanato. Alguns estão em reservas, onde lutam para manter suas tradições e pela manutenção da posse das terras e a preservação da natureza.
No período das disputas pelo território das Missões, que a partir de 1801, foi conquistado para o Brasil, as reduções foram saqueadas inúmeras vezes, e a partir de 1825, com a chegada dos imigrantes, grande parte do material foi reutilizado em construções públicas e privadas, acelerando o processo de destruição das antigas edificações.
Mapa: Acervo pessoal de J. C. Cecilio
Texto: (trecho do livro História do Rio Grande do Sul em suas origens missioneiras, de Teresa Neumann de Sousa Christensen, Ijuí, RS, 2001)
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